O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode trazer diversas complicações para os pacientes, e uma das mais comuns é a disfagia, que se refere à dificuldade de engolir alimentos, líquidos e até a própria saliva. Essa condição pode comprometer gravemente a qualidade de vida do paciente, aumentando o risco de desnutrição, desidratação e aspiração pulmonar, o que pode levar a infecções respiratórias graves, como a pneumonia aspirativa.
Neste artigo, vamos abordar os principais sintomas disfágicos do AVC, suas consequências e as estratégias de reabilitação para garantir uma alimentação mais segura e eficaz para os pacientes.
O Que é a Disfagia e Como Ela se Relaciona com o AVC?
A disfagia é uma disfunção no processo de deglutição que pode ocorrer devido a lesões neurológicas, musculares ou estruturais. No caso do AVC, essa dificuldade acontece porque o acidente vascular pode comprometer áreas do cérebro responsáveis pelo controle dos músculos envolvidos na mastigação e na deglutição.
A disfagia pós-AVC pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da localização e da extensão da lesão cerebral. Pacientes que sofreram um AVC isquêmico ou hemorrágico podem apresentar graus variados de dificuldade para engolir, desde leve até severa.
Se não for diagnosticada e tratada corretamente, a disfagia pode levar a complicações graves, como desnutrição, desidratação e infecções pulmonares. Por isso, é fundamental conhecer os sintomas disfágicos e buscar tratamento adequado o quanto antes.
Principais Sintomas Disfágicos do AVC
Os sintomas disfágicos podem variar de acordo com o grau da disfunção e as áreas cerebrais afetadas. Abaixo, destacamos os sinais mais comuns que indicam a presença da disfagia em pacientes pós-AVC:
1. Engasgos Frequentes
Pacientes com disfagia tendem a engasgar com frequência ao tentar engolir alimentos, líquidos ou até mesmo a saliva. Esse sintoma pode indicar uma dificuldade no reflexo de deglutição.
2. Tosse Durante ou Após as Refeições
A tosse constante durante ou logo após a ingestão de alimentos pode ser um indicativo de aspiração, ou seja, a entrada de partículas alimentares ou líquidos na via respiratória, o que aumenta o risco de pneumonia aspirativa.
3. Sensação de Alimento Preso na Garganta
Muitos pacientes relatam que sentem como se o alimento ficasse preso na garganta, dificultando sua passagem para o estômago.
4. Alteração na Voz Após a Alimentação
A mudança na qualidade vocal, conhecida como voz úmida ou borbulhante, pode indicar que líquidos ou alimentos estão entrando na laringe, afetando a ressonância da voz.
5. Dificuldade em Mastigar e Controlar a Saliva
Algumas pessoas podem apresentar fraqueza nos músculos da boca e da língua, tornando difícil mastigar e manipular os alimentos dentro da boca. Além disso, a dificuldade em controlar a saliva pode levar ao bavamento excessivo.
6. Dificuldade em Iniciar a Deglutição
Pacientes com AVC podem apresentar lentidão ou hesitação para iniciar o processo de deglutição, levando a maior permanência do alimento na boca.
7. Perda de Peso Involuntária e Desidratação
Devido à dificuldade em engolir, muitos pacientes acabam consumindo menos alimentos e líquidos, levando à perda de peso e à desidratação.
8. Pneumonia Aspirativa
A aspiração de alimentos ou líquidos para os pulmões pode causar infecções respiratórias graves, sendo a pneumonia aspirativa uma das principais complicações da disfagia pós-AVC.
Consequências da Disfagia Pós-AVC
Quando a disfagia não é tratada adequadamente, o paciente pode sofrer diversas complicações, incluindo:
🔴 Desnutrição e perda de peso devido à ingestão reduzida de alimentos.
🔴 Desidratação, pois a ingestão de líquidos pode se tornar insuficiente.
🔴 Pneumonia aspirativa, que pode levar a complicações respiratórias sérias.
🔴 Redução da qualidade de vida, pois a alimentação é um ato social e prazeroso, e a dificuldade em comer pode causar frustração e isolamento social.
Diagnóstico da Disfagia em Pacientes com AVC
O diagnóstico da disfagia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, incluindo fonoaudiólogos, neurologistas e nutricionistas. Os principais testes para avaliação da deglutição incluem:
📌 Avaliação clínica fonoaudiológica – O fonoaudiólogo observa a capacidade do paciente de engolir diferentes tipos de alimentos e líquidos.
📌 Videofluoroscopia – Exame radiológico que permite visualizar em tempo real o processo de deglutição.
📌 Endoscopia da deglutição (FEES) – Exame que utiliza uma câmera para avaliar o trajeto do alimento na garganta.
Tratamento e Reabilitação da Disfagia Pós-AVC
O tratamento da disfagia pós-AVC deve ser individualizado e pode incluir diversas abordagens terapêuticas:
1. Terapia Fonoaudiológica
O fonoaudiólogo é o profissional responsável por reabilitar a deglutição. O tratamento pode incluir:
✅ Exercícios para fortalecimento dos músculos da deglutição.
✅ Técnicas posturais e manobras para facilitar a ingestão dos alimentos.
✅ Treinamento da consistência alimentar adequada para cada paciente.
2. Adaptação da Dieta
O nutricionista pode ajustar a consistência dos alimentos e líquidos para evitar engasgos e aspiração. Algumas estratégias incluem:
🥄 Alimentos pastosos ou amolecidos para facilitar a deglutição.
🥤 Líquidos espessados para evitar que escorram rapidamente pela garganta.
3. Estimulação Elétrica Neuromuscular
O uso de correntes elétricas leves pode estimular os músculos responsáveis pela deglutição, auxiliando na reabilitação.
4. Cuidados Gerais Durante a Alimentação
Para minimizar os riscos, é importante seguir algumas recomendações:
✔ Sentar-se ereto durante as refeições.
✔ Comer em um ambiente tranquilo e sem distrações.
✔ Evitar alimentos secos e que esfarelam.
✔ Não misturar líquidos e sólidos na mesma garfada.
Em casos graves, quando a alimentação oral não é segura, pode ser necessário o uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia, garantindo que o paciente receba os nutrientes adequados.
Conclusão
A disfagia pós-AVC é um problema sério que pode impactar a nutrição, a hidratação e a saúde respiratória do paciente. O reconhecimento precoce dos sintomas disfágicos, seguido de uma abordagem terapêutica adequada, é fundamental para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Se você ou um familiar enfrenta dificuldades para engolir após um AVC, busque a orientação de um profissional qualificado. A Dra. Paola Mello e sua equipe de especialistas estão prontos para oferecer um tratamento eficaz e personalizado para cada paciente.