Disartria Hipercinética: Causas, Sintomas e Tratamentos

A comunicação verbal é uma das formas mais importantes de interação social, e sua produção depende de um controle motor preciso. No entanto, algumas condições neurológicas podem prejudicar esse controle, afetando a fluência, a articulação e a clareza da fala.

Entre os diversos tipos de disartria, a disartria hipercinética se destaca por estar associada a movimentos involuntários excessivos, que comprometem a produção da fala e a tornam imprevisível.

Neste artigo, você entenderá o que é a disartria hipercinética, suas causas, sintomas e as opções de tratamento disponíveis.

O Que é Disartria Hipercinética?

A disartria hipercinética é um tipo de distúrbio motor da fala caracterizado por movimentos involuntários e descoordenados dos músculos responsáveis pela articulação das palavras.

Diferente da disartria hipocinética, que se caracteriza pela redução dos movimentos musculares (como ocorre na Doença de Parkinson), a disartria hipercinética envolve movimentos excessivos e anormais, resultando em uma fala imprevisível, com alterações na entonação, intensidade e ritmo.

Os movimentos involuntários podem ser sutis ou bastante intensos, prejudicando a inteligibilidade da fala e tornando a comunicação desafiadora.

Principais Causas da Disartria Hipercinética

A disartria hipercinética está associada a lesões nos gânglios da base, estruturas cerebrais responsáveis pelo controle dos movimentos automáticos e voluntários. Essas lesões podem ser causadas por diversas condições neurológicas.

1. Doença de Huntington

  • Doença genética progressiva que causa movimentos involuntários conhecidos como coreia.
  • Afeta o controle motor, resultando em uma fala irregular e imprevisível.

2. Distonia

  • Transtorno neuromuscular caracterizado por contrações musculares sustentadas, causando movimentos repetitivos ou posturas anormais.
  • Pode afetar os músculos da fala, resultando em interrupções e alterações na voz.

3. Coreia de Sydenham

  • Doença inflamatória associada à febre reumática, causando movimentos involuntários rápidos e descoordenados.
  • Pode levar à disartria hipercinética temporária em crianças e adolescentes.

4. Tiques e Síndrome de Tourette

  • Movimentos involuntários repetitivos, como espasmos e vocalizações súbitas, que podem interferir na fala.
  • Os tiques podem variar em frequência e intensidade ao longo do tempo.

5. Doença de Wilson

  • Distúrbio genético que leva ao acúmulo de cobre no cérebro e em outros órgãos.
  • Pode causar movimentos involuntários da face e da língua, afetando a fala.

6. Efeitos Colaterais de Medicamentos

  • Alguns medicamentos neurológicos e psiquiátricos podem causar discinesia tardia, uma condição caracterizada por movimentos involuntários anormais.

7. AVC e Lesões Cerebrais Traumáticas

  • Acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e traumas cranianos podem causar danos aos gânglios da base, levando a alterações motoras e disartria hipercinética.

Principais Sintomas da Disartria Hipercinética

Os sintomas da disartria hipercinética variam de acordo com a intensidade e a frequência dos movimentos involuntários. Os mais comuns incluem:

Fala irregular e imprevisível
Alterações na entonação (variação abrupta de volume e tom)
Interrupções involuntárias na fala
Dificuldade em iniciar e manter um ritmo estável
Movimentos involuntários da língua, lábios e mandíbula
Sons vocais inesperados, como grunhidos e gemidos
Dificuldade em controlar a respiração durante a fala

Esses sintomas tornam a fala inconsistente, dificultando a comunicação com outras pessoas e impactando a qualidade de vida do paciente.

Diagnóstico da Disartria Hipercinética

O diagnóstico da disartria hipercinética envolve uma avaliação clínica detalhada realizada por um fonoaudiólogo e um neurologista.

1. Avaliação Fonoaudiológica

  • Análise da inteligibilidade da fala.
  • Observação da frequência e intensidade dos movimentos involuntários.
  • Testes de articulação, entonação e controle da respiração.

2. Exames Neurológicos

  • Ressonância Magnética (RM) para identificar lesões cerebrais.
  • Eletromiografia (EMG) para analisar a atividade dos músculos da fala.
  • Teste genético, se houver suspeita de Doença de Huntington ou Doença de Wilson.

Tratamentos para a Disartria Hipercinética

O tratamento da disartria hipercinética depende da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. As principais abordagens incluem:

1. Terapia Fonoaudiológica

A fonoaudiologia desempenha um papel fundamental na reabilitação da fala. Algumas estratégias incluem:

🔹 Treinamento de controle respiratório para melhorar a coordenação da fala.
🔹 Exercícios para controle da entonação e do volume da voz.
🔹 Técnicas de ritmo e pausa para reduzir a imprevisibilidade da fala.
🔹 Uso de dispositivos de feedback auditivo para ajudar na auto-monitorização.

2. Tratamento Medicamentoso

  • Medicamentos para controle de movimentos involuntários, como neurolépticos e relaxantes musculares.
  • Toxina botulínica (Botox) pode ser usada para reduzir espasmos musculares na face e na laringe.

3. Terapias Complementares

  • Estimulação cerebral profunda (DBS), indicada em casos graves de Doença de Huntington e distonia.
  • Fisioterapia e terapia ocupacional, para melhorar o controle motor global.

4. Comunicação Alternativa

  • Para casos severos, podem ser utilizados aplicativos e dispositivos de comunicação assistida, como pranchas de símbolos e sintetizadores de voz.

Dicas para Melhorar a Comunicação

Além das terapias, algumas estratégias podem facilitar a comunicação diária:

Falar devagar e pausadamente.
Utilizar gestos para complementar a fala.
Repetir palavras-chave quando necessário.
Evitar locais com muito ruído, onde a fala pode ser ainda mais difícil de entender.
Ter paciência e dar tempo para o paciente se expressar.

Conclusão

A disartria hipercinética é um distúrbio motor da fala que impacta significativamente a comunicação, tornando a pronúncia das palavras imprevisível e descoordenada.

Causada por condições neurológicas que afetam os gânglios da base, essa disartria pode ser manejada com terapia fonoaudiológica, tratamento medicamentoso e estratégias complementares.

Se você ou alguém próximo enfrenta dificuldades na fala devido a disartria hipercinética, a Dra. Paola Mello conta com profissionais parceiros especializados que podem auxiliar no diagnóstico e no tratamento, melhorando a qualidade de vida e a comunicação dos pacientes.

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