Disartria x Disfagia: Entenda as Diferenças, Sintomas e Tratamentos

A fala e a deglutição são funções essenciais para a comunicação e nutrição, mas podem ser comprometidas por condições neurológicas. Dois dos distúrbios mais comuns relacionados a essas funções são a disartria e a disfagia. Apesar de compartilharem algumas semelhanças e, muitas vezes, estarem associadas, essas condições afetam diferentes aspectos da musculatura oral e requerem abordagens terapêuticas distintas.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que são a disartria e a disfagia, suas causas, sintomas, formas de diagnóstico e tratamentos disponíveis.

O Que é Disartria?

A disartria é um distúrbio motor da fala causado por alterações nos músculos responsáveis pela articulação das palavras. Diferente da apraxia da fala, onde há dificuldade em planejar os movimentos, na disartria o problema está na execução dos movimentos devido a fraqueza, rigidez ou falta de controle muscular.

Causas da Disartria

A disartria ocorre devido a lesões no sistema nervoso central ou periférico que afetam os músculos da fala. Algumas das principais causas incluem:

  • Acidente Vascular Cerebral (AVC)
  • Doença de Parkinson
  • Esclerose Múltipla
  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
  • Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
  • Miastenia Gravis
  • Paralisia Cerebral

Sintomas da Disartria

Os sintomas da disartria variam de acordo com a gravidade do comprometimento motor. Os mais comuns incluem:

  • Fala arrastada ou lenta.
  • Dificuldade em controlar o volume e a intensidade da voz.
  • Fala monótona, sem variações de entonação.
  • Voz rouca ou fraca.
  • Dificuldade na coordenação da respiração e da fala.
  • Alterações na ressonância da fala (fala hipernasal ou hiponasal).

A gravidade da disartria pode variar desde leve, causando apenas dificuldades sutis na articulação, até severa, comprometendo completamente a comunicação verbal.

O Que é Disfagia?

A disfagia é um distúrbio da deglutição que afeta a capacidade de engolir alimentos, líquidos e até a própria saliva. A disfagia pode levar a complicações graves, como desnutrição, desidratação e pneumonia aspirativa (quando alimentos ou líquidos entram nos pulmões).

Causas da Disfagia

A disfagia pode ser causada por diversos fatores, incluindo:

  • Doenças neurológicas (AVC, Parkinson, ELA, Alzheimer, Miastenia Gravis).
  • Lesões musculares ou estruturais (câncer de cabeça e pescoço, cirurgias na região da garganta).
  • Doenças gastroesofágicas (refluxo gastroesofágico severo, estenoses esofágicas).
  • Idade avançada (redução da força muscular da deglutição).

Sintomas da Disfagia

Os sintomas podem variar conforme a gravidade e a causa da disfagia, mas os mais comuns incluem:

  • Sensação de que o alimento fica preso na garganta.
  • Tosse ou engasgos frequentes ao comer ou beber.
  • Dor ao engolir.
  • Regurgitação de alimentos ou líquidos pelo nariz.
  • Rouquidão após comer.
  • Pneumonias recorrentes.
  • Perda de peso sem explicação.

A disfagia pode afetar diferentes fases da deglutição: a fase oral, onde o alimento é mastigado e preparado para engolir; a fase faríngea, quando o bolo alimentar passa pela garganta; e a fase esofágica, onde ele segue para o estômago.

Disartria x Disfagia: Principais Diferenças

Embora tanto a disartria quanto a disfagia estejam relacionadas a problemas neuromusculares, seus impactos e abordagens são distintos. Veja as principais diferenças:

Característica Disartria Disfagia
Área Afetada Coordenação dos músculos da fala. Coordenação dos músculos da deglutição.
Causa Principal Danos ao sistema nervoso central ou periférico. Doenças neurológicas, estruturais ou gastroesofágicas.
Sintomas Fala lenta, arrastada, monótona ou rouca. Dificuldade para engolir, tosse, engasgos, perda de peso.
Complicações Dificuldade de comunicação e socialização. Pneumonia aspirativa, desnutrição, desidratação.
Tratamento Terapia fonoaudiológica para fortalecimento e controle da fala. Terapia fonoaudiológica para adaptação da deglutição e alimentação.

Diagnóstico da Disartria e Disfagia

O diagnóstico de ambas as condições é feito por meio de uma avaliação clínica detalhada por fonoaudiólogos e neurologistas.

1. Avaliação Clínica

  • Na disartria, são analisadas a articulação, o controle respiratório e a coordenação da fala.
  • Na disfagia, avalia-se a deglutição em diferentes consistências de alimentos.

2. Exames Complementares

Alguns exames podem ser solicitados para um diagnóstico mais preciso:

  • Videofluoroscopia da Deglutição: Analisa o trajeto do alimento ao engolir.
  • Nasofibrolaringoscopia: Avaliação visual da laringe e da faringe.
  • Eletromiografia: Avaliação da função muscular na fala e na deglutição.

Tratamentos para Disartria e Disfagia

Tratamento para Disartria

O tratamento fonoaudiológico é essencial e pode incluir:

  • Exercícios para fortalecimento muscular da boca e da língua.
  • Treino respiratório para melhorar a projeção da voz.
  • Estratégias de fala compensatória, como pausas entre as palavras.
  • Uso de comunicação alternativa, como pranchas de comunicação e aplicativos de voz.

Tratamento para Disfagia

A reabilitação da disfagia pode envolver:

  • Adaptação da dieta (alimentos mais pastosos ou líquidos espessados).
  • Treinamento motor da deglutição para fortalecer os músculos envolvidos.
  • Técnicas de deglutição segura, como inclinar a cabeça ao engolir.
  • Uso de sondas alimentares, em casos graves.

A abordagem deve ser personalizada conforme a causa e a gravidade de cada caso.

Conclusão

A disartria e a disfagia são distúrbios que afetam funções essenciais da vida diária, como a fala e a alimentação. Embora sejam diferentes, podem estar associadas em condições neurológicas, tornando a avaliação e o tratamento especializados fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Se você conhece alguém que apresenta dificuldades para falar ou engolir, a Dra. Paola Mello conta com profissionais parceiros especializados que podem ajudar no diagnóstico e na reabilitação dessas condições. Buscar atendimento adequado é essencial para garantir segurança, comunicação eficaz e qualidade de vida.

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