Quem aqui, quando saiu da faculdade e começou a atender, nunca sentiu medo ao se deparar com um paciente disfágico?
Medo de não saber avaliar e diagnosticar corretamente, medo de não saber como proceder na reabilitação, medo do paciente engasgar e morrer na sua mão…
Quem aqui, já formado há algum tempo, nunca se sentiu inseguro ao receber um novo caso de disfagia para atender?
Medo do caso ser complexo, de ter traqueostomia junto, de estar aspirando de forma silente, da família não colaborar…
Quem aqui, há anos na estrada da Fonoaudiologia, nunca teve dúvidas sobre o processo de reabilitação de algum paciente já em andamento?
Medo do caso não evoluir mais, medo do paciente desistir do processo terapêutico, medo de não conseguir salvar e transformar aquela vida…
Eu já me senti assim e, por isso, vim compartilhar com vocês 4 passos que me ajudaram muito a mandar essa insegurança embora e conseguir atender qualquer caso de disfagia com assertividade, raciocínio clínico e resultados concretos.
4 Passos para atender disfagia sem medo
Então vamos aos 4 passos essenciais? Olha só:
1. Estude neurologia
A minha chave só virou quando eu entendi que as doenças que levam à disfagia estão associadas a habilidades neurofisiológicas perdidas e que precisam ser reabilitadas com base em neuroplasticidade.
Por isso, eu me dediquei a entender o papel da cognição não só na deglutição, mas em todas as funções reabilitadas pelo fonoaudiólogo que atende o paciente neurológico.
Estou falando aqui da mímica facial, fala e linguagem.
Sem entender como essas habilidades estão interligadas entre si e são coordenadas diretamente por funções cognitivas, meus atendimentos não evoluíam e eu ficava estagnada no medo.
Outra coisa é você se dedicar a entender quais são os pares cranianos mais importantes para a reabilitação fonoaudiológica.
E não estou falando de saber somente os nomes, mas as funções, as regiões que são inervadas, como interagem entre si.
2. Domine o Quarteto Fantástico
Avalie, sempre, o QUARTETO FANTÁSTICO de todos os seus pacientes!
Ter o olhar global voltado para o paciente neurológico significa investigar além da queixa que ele te traz!
Não importa se a única queixa é de deglutição.
Somente o olhar atento do fonoaudiólogo vai conseguir dizer se realmente não há alterações na mímica facial, na fala e na linguagem/cognição que acarretem impactos para a deglutição e que estejam prejudicando a qualidade de vida daquele paciente.
O processo de reabilitação se torna mais eficiente quando você trabalha todas as demandas daquele paciente de forma única e personalizada. O que nos leva à dica 3…
3. Atenda com raciocínio clínico
Reabilite o seu paciente com base em RACIOCÍNIO CLÍNICO de verdade.
E quando eu digo raciocínio clínico de verdade eu quero dizer que você vai propor estratégias de reabilitação fundamentadas:
???? na história de vida daquele paciente – quem é ele, quais são seus hobbies e gostos, quem são as pessoas que fazem parte da sua rotina, qual a sua profissão, como era sua rotina de vida antes do processo de doença;
???? na história clínica desse paciente – entendendo a doença de base e os processo clínicos que o levaram até ali, sabendo a medicação em uso, os horários dos procedimentos, conhecendo a equipe que atua junto a esse paciente;
???? resgatando informações importantes junto à equipe do caso – o que já vem sendo feito, quais as dificuldades, quais os objetivos;
???? na avaliação fonoaudiológica do QUARTETO FANTÁSTICO – comparando os achados daquele paciente com os parâmetros da normalidade da neurofisiologia das habilidades alteradas.
Esqueça protocolos padronizados e listas de exercícios puramente musculares! Eles não trarão resultados para o paciente neurológico.
4. Se atualize diariamente
Crie o pequeno, mas grandioso hábito de se atualizar diariamente!
Aqui vale reservar meia hora no seu dia (nem que pra isso você levante mais cedo ou durma um pouco mais tarde) para ler um artigo científico, um capítulo de livro ou assistir uma aula de algum curso que vai te fazer crescer como profissional.
Adquirir conhecimento e se aprofundar na área e nas demandas que você atende todos os dias vai te agregar não só mais expertise na sua atuação, mas vai te agregar valor como profissional de referência!
Em resumo…
Eu aposto que, depois de colocar em prática essas 4 dicas, a segurança para atender qualquer caso de disfagia vem e você nunca mais vai recusar um caso, por mais complexo que ele seja!
Agora, se você gostou das dicas deste artigo, compartilhe com um colega fonoaudiólogo para que ele possa se beneficiar desse conteúdo também.