Ao longo da minha prática profissional, muitos colegas fonoaudiólogos me perguntaram quais os fatores que influenciam no fator tempo envolvido no processo de reabilitação do paciente disfágico.
É claro que grande parte dessa resposta depende de quem é o paciente, qual a doença de base, qual a gravidade do caso, adesão ao tratamento, mas eu acredito que existem alguns fatores “externos” que contribuem para acelerar o processo terapêutico fonoaudiológico.
Vou compartilhá-los aqui com vocês.
1. Estude e entenda os casos dos seus pacientes sob a ótica da Neurofonoaudiologia
Posso soar repetitiva, mas eu quero que você grave essa informação e leve para a sua carreira esse ensinamento: quem sabe neuro conhece o caminho do sucesso terapêutico! E eu digo isso com muita segurança porque foi um fator que mudou a minha prática profissional.
Lembre que as doenças que levam à disfagia estão relacionadas à alterações em habilidades neurofisiológicas, como os quadros de AVC, Alzheimer, ELA, Parkinson e, somente através da neuroplasticidade, ou seja, treinar outras células cognitivas para executarem as funções perdidas, é que você conseguirá obter resultados concretos junto aos seus pacientes.
A deglutição precisa de treino funcional, ou seja, o seu paciente só reaprenderá a deglutir, deglutindo. Por isso, exercícios puramente musculares (aqueeeeles da M.O.) não serão eficientes, pois não trabalham áreas cognitivas que envolvem a memorização do padrão de deglutição para seu posterior planejamento e execução.
2. Sempre avalie seu paciente pelo QUARTETO FANTÁSTICO
Avaliar seu paciente de forma global (e eu insisto aqui em termos um olhar para a cognição/linguagem, fala e mímica facial, além da deglutição) faz com que você enxergue todas as demandas que precisam ser reabilitadas por você.
Com isso, você consegue trabalhar as funções em conjunto, muitas vezes no mesmo exercício estimular deglutição e mímica facial, ou deglutição e fala, ou combinar as 4 áreas em uma única estratégia!
Tudo de forma funcional e com base em neuroplasticidade.
3. Reabilite com foco na causa e não na queixa
Aqui nós precisamos usar nosso lado “investigador” com muito raciocínio clínico para olhar além. Além da queixa e buscar a origem daquela alteração. Ou seja, precisamos buscar qual o evento, dentro da neurofisiologia da deglutição que justifica aquela queixa.
É como fazer um jogo dos 7 erros: comparando com os parâmetros da normalidade, o que não está acontecendo adequadamente neste paciente que deveria estar?
4. Atenda de forma personalizada
Personalizar significa:
- adequar as estratégias de acordo com as demandas do seu paciente;
- trazer alimentos que sejam do gosto e preferência de cada paciente;
- propor exercícios construídos junto ao seu paciente, sempre fazendo teste terapêutico para determinar número de repetições e nível de dificuldade.
Quando você personaliza um atendimento, você traz, como sua aliada, o resgate das experiências cognitivas que aquele paciente teve ao longo da vida. Você resgata memórias sensoriais e motoras que te ajudam a reabilitar as funções alteradas naquele paciente. Você ativa conexões neurais relacionadas à habilidades específicas que serão reaprendidas.
Colocando em prática esses fatores no seu atendimento ao paciente disfágico tenho certeza de que você sentirá diferença no fator “tempo”.